quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Agora "moro" aqui

Este blogue tem tantos anos que a certa altura deixei de me identificar com ele. Por isso, mudei-me para aqui. Mudem-se também, sim??

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Vivi como um fantasma nos últimos anos (o dói dói já passou)

Levantei-me todos os dias e fui trabalhar normalmente e em alguns deles vim para casa mais cedo nos “braços” de amigos que me conduziram o carro depois de desmaiar. Ou de vomitar. Ou de desmaiar e vomitar o emprego. O médico mandava-me meter baixa mas o silencio ensurdecedor que ia ter em casa causava-me tanto pânico que não me pus à prova. Era mais fácil ir trabalhar e saber que se acontecesse alguma coisa estava lá alguém para me acudir. Vivi um ano como um fantasma pálido. Perdi 8 kilos, eu que já era magra. Levantei-me todos os dias e fui trabalhar enquanto chorava de horror e nojo de ver o meu corpo a definhar. Médicos e mais médicos. Perdi o gosto por quase tudo. Deixei a certa altura de gostar de mim mesma. Levantei-me todos os dias para ir trabalhar sabendo que o dia ia acabar comigo deitada no chão do chuveiro a chorar. Custou-me a solidão apesar de muitas vezes estar rodeada de pessoas que sei que se preocupam comigo, que gostam de mim. Mas em mais de 365 noites, muitas delas foram de uma solidão devastadora. Vivi um ano como um fantasma que já nem se via reflectido no espelho. Acordei várias vezes com galos na cabeça esticada no corredor de casa. Sozinha. É assim que vivem os fantasmas, perdidos e sozinhos. Num momento negro, em que senti uma revolta absurda com tudo o que me estava a acontecer, fiz algo que nunca acreditaria fazer se me dissessem que seria pessoa para uma coisa daquelas: em raiva agarrei com as duas mãos os meus cabelos e puxei-os. Arranquei bastantes. Não me doeu. A raiva cobriu a dor. Fiquei morta de vergonha. Fiquei assustada. Esta não sou eu. Esta nunca fui eu.
Percebi no último ano que não conhecemos os nossos limites. Não sabemos onde está a linha que achávamos que nunca íamos ultrapassar. Percebi que não sabemos que rastilho nos pode fazer explodir. Acho que o meu foi o sentir indiferença pelos fantasmas. O mundo não para. A vida de toda a gente continua enquanto o fantasma vai vivendo um dia a dia de repetição. Levantei-me todos os dias para ir trabalhar sabendo que o dia ia acabar comigo esticada no corredor de casa ou a chorar no chão do chuveiro. Amarela, magra, com os olhos encovados, miserável, doente. O mundo começou todos os dias para os outros à minha volta enquanto o meu acabava todas as noites com a certeza que acabaria novamente na noite seguinte.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Campos de papoilas

Andava com a cara suja e era livre. Comia amoras por lavar e tinha os joelhos arranhados. Agora podem ler-me AQUI

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Agora moro aqui

Entre cafés e cigarros, dedos sujos de tinta de jornal e headphones na cabeça. Sim, continuo a ver o mundo de saltos altos

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O que levo de 2015?


A lição: "se queres ter muitos amigos fica rica, se queres saber quem são os teus verdadeiros amigos experimenta ficar doente".

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Têm-me faltado as palavras

Por um lado sinto saudades de escrever aqui. Por outro nem sei se faz ainda sentido.

terça-feira, 16 de junho de 2015

"Ou é ou não é. Agora cá merdas". Isso de "coisas de gajo" não existe, vamos lá deixar de arranjar desculpas


Patrícia Motta Veiga na Maria Capaz 
Coisas de Gajo 

"Nas minhas conversas com amigas, sobre o sexo oposto, claro está, a conversa costuma terminar com um “isso é coisa de gajo, não há nada a fazer”.
No mais fundo de mim, mesmo que anua para atenuar as mágoas próprias ou alheias, não consigo concordar com isto. Não há coisas de gajo e coisas de gaja, já nem nos cremes ou no futebol, pois que é vê-los a lambuzarem-se e a elas a chamarem nomes ao árbitro.
Ah, ele não telefonou? – Coisa de gajo, não se lembra!
Minhas amigas, todas nós já tivemos um ou mais (com a graça do Senhor) tipos atrás de nós que nos ligavam a cada meia hora só para ouvir a nossa voz e não eram menos másculos por causa disso. Se os quiséssemos eram queridos, se não os quiséssemos passavam a melgas. Mas tivemos.
Também nós já ligámos muitas vezes para alguns e de outros nem nos lembrávamos e isso não tem nada a ver com coisas de gaja, mas simplesmente com interesse ou falta dele.
O amor é uma dança e quem o quer faz-se à pista! Sendo que haverá uns que, mesmo tendo aparentado uma grande vontade de dançar no início da noite, alegam calos, varizes e joanetes, sentando-se cansados e apáticos.
Aquela conversa do “vamos lá manter a nossa relação secreta porque eu não gosto de exposições” é mesmo para quem acreditar? Vá lá.
Coisa de gajo é andar todo vaidoso com a sua mulher ao pendurão, falar dela, de como é doce, inteligente, cheia de força (é uma coisa que os homens gostam muito de referir, mesmo que a tipa tenha sido dondoca toda a vida e o máximo esforço a que se propôs foi cortar as unhas aquando das férias da sua manicure).
Coisa de gajo é mostrar aos amigos o que os seus dotes de macho conseguiram conquistar e mesmo que ela seja igual à Carlota Joaquina, de bigode e sem banho num país tropical, e os amigos dele a vejam exactamente assim, ele não vai ver, simplesmente porque gajo que é gajo, quando anda doido por uma feia, não é isso que vê, vê a mulher com mais pinta do mundo e anda o dia inteiro a pensar que lha roubam.
Quando as pessoas estão apaixonadas, quando as pessoas gostam mesmo do outro, põem-se em campo quase inconscientemente, e sim, trocam um programa, seja ele qual for, por uns minutos com a pessoa que amam, e todos nós sabemos que é exactamente assim. Atravessam a cidade a pé, o país à boleia, o mundo num atrelado de um camião, mas arranjam sempre maneira.
Uma mulher que tem a certeza que o tipo com quem anda a ama a sério, fica aflita quando ele não telefona porque sabe que se não fez, é porque está deitado num beco depois de um violento assalto e provavelmente tem o baço rebentado. Tem a certeza absoluta disso, porque se ele se pudesse mexer ou abrir a boca, no meio de uma reunião, no alto dos Pirenéus, no fundo do Atlântico ou de uma esquadra da polícia, ele arranjaria forma de ligar, simplesmente porque nada é mais importante do que estar perto, seja de que forma for, da pessoa que se deseja, da pessoa que não se quer perder.
Quem é que nunca escondeu o telefone no bolso para ir à casa de banho no meio de uma reunião?
Pois é.
Isto é simples, profundamente simples: Se ele nos quer, não se esquece de nada, nunca está ocupado, nunca fica sem soluções. Aparece à hora de almoço em frente ao nosso emprego com uma sanduíche recheada daquilo que nós mais gostamos e uma flor de plástico, decrépita, da loja sebenta do indiano porque tinha de nos levar alguma coisa. Quando um homem anda louco por uma mulher, a não ser que esteja a ser operado ao coração ou esteja presente ao juiz, nunca tem o telefone desligado, sabe sempre os nossos horários, acima de tudo porque sabe ou acredita que ela é tão especial que, se ele deixar de estar presente, pode deixar de ser necessário e não quer arriscar aquilo que é a sua mais preciosa conquista.
Não há coisas de gajo mas há coisas de gajos que não estão apaixonados e é isso que algumas das meninas que eu conheço precisam de entender de uma vez por todas, sob o perigo de um dia destes perderem o entusiasmado que estava mesmo ali ao lado.
Não é preciso perguntar a um homem se ele nos ama, gajo que é gajo diz-nos isso, a sério, à homem, tantas vezes quanto o coração lhe encher… Gajo que é gajo, vai rodear-nos de atenções e apertar-nos os ombros só para ter a certeza que desta é que é, que não fugimos.
Os homens e as mulheres quando gostam portam-se exactamente da mesma maneira porque a coisa é simples, e de uma vez por todas, enfiemos nas cabecinhas: Ou é ou não é! Agora cá merdas…"